BONECAS NEGRAS E ROTA CULTURAL AFRO BUZIANA
A Associação Bonecas Negras iniciou suas atividades em 2015, com uma artesã, Luciana Passos, que produzia bonecas negras e uma guia de turismo Jaqueline dos Santos, que tinha como objetivo levar o turismo para o Continente da cidade de Armação dos Búzios e ter um artesanato que representasse cada bairro.
Nossa História
Começamos pelo bairro da Rasa na Associação dos Remanescentes de Quilombola da Rasa, onde foi oferecido Oficina de Costura manual, em máquinas caseiras e máquina industrial. O produto principal era boneca negra e também foi ensinado roupa para hotelaria, como lençol, cortina e almofadas, durante nove meses produzimos e vendemos bonecas e fizemos alguns serviços para hotelaria, como Pousada Luar de Búzios, Hotel La Plage e Hotel La Foret. Participamos de eventos como o SACI e uma exposição na Casa da Diversidade no Rio de Janeiro, nos foi oferecida uma loja por 4 meses no shopping Aldeia da Praia, onde comercializamos nossos produtos e mais 6 artesãos.
Foi resgatado o Batizado de Bonecas (Nome dado aquele projeto), prática que ouvíamos da representante do Quilombo Dona Uia, que faziam quando criança, onde havia um grande batismo das bonecas de espiga de milho, faziam uma grande festa e as pessoas se chamavam de compadre e comadre até a fase adulta. O evento aconteceu na Praça da Rasa, com presença da Secretária de Promoção Social, na época Claudia Carrilho e também do pároco, que era o Padre Zito, que fez o batismo das bonecas.
As administradoras do projeto, sempre buscando ampliar as possibilidades, solicitaram ao então prefeito André Granado, que sempre atendia aos chamados daquele grupo, se poderiam expor os produtos na pérgola da Praça Santos Dumont, praça central da cidade, uma vez que estava ociosa. O prefeito concedeu, reformou com muita dignidade e era dividido entre o grupo quilombola e os produtos que eram feitos nos Centro de Referência de Assistência Social de Búzios.
Após esse período, fomos para o bairro de São José, se consolidando como Projeto Bonecas Negras. Nesse momento a Guia de Turismo Patrícia Machado também se agregou à associação e juntas Jaqueline e Patrícia, começaram a fomentar a Rota Cultural Afro Buziana, que passou por vários momentos. No início fazíamos a Rota com o carro das participantes e o ponto final ficava na Casa da Léia Quilombola, onde toda a história contada, passando pelo Cruzeiro da Rasa, Praia Gorda, Mangue de Pedra e Ponta do Pai Vitório se exemplificava com o modo de viver de uma típica família Quilombola, com as redes de pesca, caranguejo na caixa de água, ossos de baleia, forno a lenha e várias plantas medicinais, além dos quitutes tradicionais.
Também o instrumento de pesca artesanal JUQUIÁ, passou a ser produzido como produto de decoração e luminária, sempre como uma réplica e com etiqueta contando sua serventia
Paralelo aos passeios, a produção de bonecas, cestaria e juquiá acontecia para a venda na Rota, hotéis e lojas. Cada uma na sua casa.
Dentre tantas rotas e registros, o grupo foi tendo muitos entendimentos e verificando necessidades, que iam muito além de se mostrar uma linda paisagem e contar uma história. Como no Mangue de Pedra, por exemplo, onde as mulheres desde os povos indígenas e depois as quilombolas, que colhem e se alimentam dos crustáceos ali encontrados, e essa prática entre alas é chamada de Virar Pedra, identificamos que a prática, no mundo da pesca se chama Mariscar, que tem reconhecimento federal e vários direitos adquiridos, inclusive o defeso. Partimos então para possibilitar as legalizações no Ministério da Pesca, e junto com a Colônia Z-23, cinquenta mulheres foram inscritas, têm suas carteiras de pesca federal e recebem o defeso.
Em 2020, fomos contempladas com 11 máquinas industriais pela Eletrobrás, como ainda não estávamos legalizadas, fizemos a parceria com o Instituto Ecológico Búzios Mata Atlântica, que possibilitaram a vinda das máquinas e sua representante Melissa Prochenic alugou uma casa no bairro de Baia Formosa para podermos acomodar e utilizar as máquinas. Logo em seguida houve a pandemia, momento muito triste, com muitas perdas, mas para nós, foi quando tivemos um excelente faturamento com a produção e venda de máscaras de proteção, nesse momento a Rota parou por completo. Após esse período alugamos uma sala com a Parceria do Geribá Tennis Park, nesse momento o grupo se consolida como empreendedor e se oficializa como Associação Bonecas Negras de Búzios.
Em 2021 fomos convidadas a participar como aglutinadas no Projeto Guardiãs das Tradições Pesqueiras, um fomento de mitigação do petróleo, da empresa Prio e aplicado pela FUNBIO, onde fomentamos a Rota, dando a ela um formato empresarial. O ponto de parada neste momento foi em uma casa na rua do mangue de Pedra, onde dividimos as atividades com as Marisqueiras ( que nesse momento, conseguiram se oficializar como Associação de Marisqueiras Quilombolas da Rasa), nesta casa o turista podia ver o artesanato das duas Associações e também o muro de estuque, produzido pelas participantes. Acrescentamos aí a GRIÔ ( palavra africana que se dá a mulheres que passam seus conhecimentos e histórias), os visitantes passam a ter a oportunidade de serem guiados por uma Guia de Turismo formada e a GRIÔ que vai contar sobre suas experiências nesses pontos de visitação.
Em 2023 fomos convidadas pela FUNBIO a participar do edital TAC FRADE também da empresa Prio, desta vez como Proponente, pois já estávamos legalizadas, concorremos e conseguimos ser contempladas, desta vez podendo investir na costura, artesanato com fibras naturais e na Rota, adquirindo insumos para o artesanato, elaborando logotipo, registrando a marca, comprando uma Spin de 7 lugares, contratando pessoal e divulgação. Hoje o ponto de venda e degustação se dá na Pousada Kite Surf, onde tem o muro de estuque e venda de artesanato. Conseguimos também acrescentar o pescador da Praia Gorda, ganhando para poder fazer o receptivo com os turistas, hoje esse projeto se chama Alma Buziana.
O maior objetivo da Rota está em contar e manter viva a história quilombola da localidade e preservar sua natureza, contar a rica história de uma população que passou por escravidão, pobreza, falta de letramento e exclusão em uma cidade tão pequena. Hoje essa população já entende que seus costumes de pesca, mariscagem, cestaria, culinária são costumes de uma cultura que o mundo todo admira e quer conhecer de perto. Inserir também essa população no maior mercado de trabalho e renda existente na cidade que é o turismo.
O mundo todo passa por Armação dos Búzios, e nós acreditamos que eles devem conhecer e replicar essas histórias, para que ela não acabe.
Hoje estamos em mais de 28 integrantes entre, quilombolas, pescadores, marisqueiras, nativas, condutores de turismo histórico e mulheres vindas de outras cidades e estados, divididos entre produção, Rota, captação de recursos, administração e vendas.
Lideranças
Luciana Passos Rafael
Presidente
Vandelea Pereira (Léa)
Vice Presidente
Mariana Passos
Primeira Tesoureira
Patrícia Machado
Segunda Tesoureira
Denise Morão
Conselheira Financeira
Elânia
Conselheira Financeira
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Missão
Promover a autonomia e o desenvolvimento socioeconômico das mulheres em situação de vulnerabilidade, através do artesanato e da cultura, fortalecendo a autoestima e criando novas formas de renda, levando assim o padrão de vida das famílias envolvidas e impactando positivamente toda a comunidade.
Visão
Ser uma referência em empoderamento feminino e empreendedorismo social, transformando o futuro da comunidade por meio da organização coletiva e do esforço conjunto. Demonstrar que, unidas, as mulheres são capazes de superar desafios e alcançar o progresso.
Valores
1. Trabalho em Equipe
2. Confiança
3. Responsabilidade e Compromisso
4. Esperança e Alegria
5. Autonomia
6. Respeito à Cultura
7. Empoderamento
8. Inovação